segunda-feira

Homenagem 120 Anos - Francisco de Santana

Garbosamente, a Escola Estadual Professor Soares Ferreira se localiza na rua Baronesa Maria Rosa, bairro Boa Morte em Barbacena - MG. Sua Arquitetura se esconde entre palmeiras e ipês de flores amarelas e seu patrimônio são seus alunos, funcionários e ex-alunos espalhados pelo mundo que enobrecem e dignificam seu presente, passado, ensino, reconhecimento e amor. O Colégio Estadual, como é mais conhecido, foi feito de tradições e encantos. Fecho os olhos e me vejo numa sala de aula ouvindo as histórias dos professores Nestor Albino, Hélio Figueiredo, Afrânio Nézio e aprendendo o fuso horário com o Ítalo Sogno e Nely Ferreira. Encanto-me diante da oratória do Fernando Victor, comparo o nosso idioma com o latim, ensinado pelo Padre Armando e José Aristides. Aprender português ficou mais fácil com o Joaquim dos Santos, Lucília Allevato, Pupo Nogueira, Ary Coimbra, Fernando Duque Estrada e até com o professor Enós Faria (com esse nome?). Passei a gostar dos números assistindo as eficiências do Manoel Conegundes, Nilza Gomes, Moacir Rocha, Cesário, João Anastácio, Flávio Andrade, Maria José Gorini e Heloísa Pinto.

Criei asas e não voei, criei músculos e não me deformei, harmonizei corpo e mente com as aulas do Delmo Maria da Silva, unida à filosofia do Roberto Cipriano. As ciências biológicas tiveram excelente receptividade no contato com os professores José Amin Feres, Virgínia Vidal e Atos Boratto. A química foi bem balanceada pelas mãos dos mestres João Carlos Machado e João Batista Filho. O que dizer do idioma francês? Fui bem servido pela Maria José Soares Ferreira, Dona Evangelina e Sebastião Garcia. Já que estamos falando em idiomas, o inglês foi aprimorado pela Maria Aparecida Costa e Hugo Paolucci. O espanhol? Pelo Romano Quintão. Bons tempos em que tínhamos na grade curricular a Educação Moral e Cívica, muito bem ensinada pelos professores Ubirajara Bertoletti, Geraldo Faria e Márcio Solero. Música? Sim! Com o mestre Denílton Varandas. As leis de Newton, Kepler, Nórton, Ohm, Charles e Gay-Lussac nos foram ministradas pelo professor Clodoaldo Mota e as artes pelos mestres Hugo Boratto e pela imortal Dona Totoca. Quanta saudade!

Crescemos ouvindo os Beatles, Rolling Stones e as famosas bandas musicais “Os Intocáveis” do José Luiz, Alceu Barbosa, Francisco e Jorge Victor bem como, “Rolling Five” formada pelos alunos José Luiz, Cesar, Savinho, Huguinho, Zelino e Jaime Caiado. Foi uma febre nos anos 60. Barbacena parava no dia 7 de setembro para ver a nossa banda passar. O que dizer dessa incrível e apaixonante fanfarra? Orgulho-me de ter participado dessa elite musical onde cada membro era um artista que desfilava com amor, garra e determinação. A vaidade imperava positivamente – tarol é superior ao surdo que é superior ao bumbo que é superior às cornetas que eram superiores às escaletas. Essa vaidade nos fazia crescer onde cada um dava o melhor de si, sempre acima do esperado. Éramos inovadores, criativos e lançávamos moda. Nossas roupas chamavam a atenção pelas cores e originalidade. O “passo de ganso” era vibrante, lindo e emocionava. Você se lembra do Horácio Santos? Aquele contorcionista que fazia exibições acrobáticas à frente de nossa fanfarra! Que novidade! Que show ritmado eles nos proporcionava! Grande baliza!

No final da década de 60, passamos por momentos turbulentos com o Brasil sendo dirigido e administrado por militares. Por qualquer motivo, o estudante e o professor, sempre visados, chamados de comunistas ou subversivos, eram trancafiados numa prisão e às vezes, pagavam com a própria vida. O Estadual não foi uma exceção e várias pessoas foram repreendidas. Às vezes só por caminharmos sem lenço e sem documentos. Vivemos a famosa fase da “Revolução das Rosas”. Um movimento social chamou a nossa atenção - Tradição Família e Propriedade – TFP, constituído na sua maioria por nossos companheiros. Quem não se lembra da “União Estudantil de Barbacena”? Do “Grêmio Lítero Recreativo Soares Ferreira”? Das famosas salas 14 e 22? Das ex- rainhas Ângela Armond Couto e Marisa Mendonça? Do time de futsal dos anos 68, 69 e 70 que foi imbatível, uma seleção campeã que conquistou muitos títulos, carinho e o respeito dos alunos? Quem não se lembra dos campeões Zazaga, Santana, Leonardo Barato, Paulinho Furtado, Alcenir, Sergio e Luiz Ângelo Galvão, Sérgio Marques, Jésus e José Celso Malta, Otávio Brasil, Saturnino, Jair Brunelli, Milton Quati, Zeca Bezerra, Faria e Paulo Roberto Cunha?

Muitos namoros se transformaram em casamentos que perduram até hoje. Parabéns aos casais João Roberto Quintão de Souza e Dayse Gonçalves, Alcenir e Deise Navarro, José Otávio e Marisa Quintão, Ângela Armond e Roberto Corrière, Marcelo Valle e Eloah Jay, Vicente de Paula Lima e Déa Dias, David Garizo Becho e Yara, Justino e Heloisa Armond, Newton Cláudio Valle e Nancy Hermont, Édson Paolucci e Marília Buscácio. Que beleza! Até que a morte os separe. Salve os inspetores João Trindade, Plínio, Hélio, Luiz, Jovelino, Nicolau, Moura, Manoel Caldas, Dona Emília, Fernando Esteves, Otacílio, José Honório, Dona Lurdes e Sr. Marcos. Como esquecer a Maria Pereira?

A Rádio Correio da Serra era uma espécie de “porta voz” do Colégio Estadual que tinha no seu quadro 90% de funcionários/alunos. Muitos alunos faziam ou interferiam nas programações musicais. Lembro-me dos comunicadores: Vicente de Paula Lima, Tíndaro e Manoel Caldas, Ricarbeni, Gilberto Reis, Luiz Carlos de Melo, Nílton Cúrcio, Dauri Rocha, Francisco de Santana, Roberto Goretti e Márcio Cury.

Hoje, louvo iniciativas de manutenção da história desse Colégio para torná-lo mais coeso, unido num intercâmbio de cultura e aprendizagem. Destaco os colaboradores Sheila Cobuci Doumith e Paulo Sebastião Ferreira que promovem anualmente encontros dos ex-alunos transformando cada participante num elo de uma corrente de amor indissolúvel e inquebrantável. Foi pensando neles que busquei no Aurélio a definição de família.

“São pessoas aparentadas que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos. Pessoas unidas por laços de parentesco, pelo sangue ou por aliança.

Ascendência, linhagem, estirpe. Grupos de indivíduos que professam o mesmo credo têm os mesmos interesses, a mesma profissão, são do mesmo lugar de origem, etc.

Comunidade constituída por um homem e uma mulher, unidos por laço matrimonial, e pelos filhos nascidos dessa união. Unidade espiritual constituída pelas gerações descendentes de um mesmo tronco e fundada, pois, na consangüinidade”.

Meus filhos Alexandre Cobucci Santana e Ana Carolina Cobucci Santana estenderam esta definição acrescentando:
“Contudo, por mais que se tente definir em palavras, a família transcende qualquer definição. Isso porque a família está baseada em relações humanas e essas são tão falíveis quanto seus próprios componentes. Portanto, família muitas vezes significa problemas, abandono, omissão, solidão, perda, tristeza, saudade, falhas, divergências e diferenças de valores, ciúmes, inveja, medo e prepotência.

Mas também quer dizer companheirismo, união, força, amor, tolerância, compreensão, perdão, paciência, alegria, ganho, presença e crescimento.

No entanto, palavras são fáceis e o discurso é altivo e eloqüente, enquanto as ações ficam presas, retidas na dureza da rotina, da distância, na frieza do trabalho. Presas até mesmo na vontade ou no pré julgamento de outrem, faltando um ínfimo de movimento para dar-lhes vida. Família é tudo isso, mas creio que família é cultivo. Cultivo de relações, baseadas em sentimentos sinceros e não forçosos ou circunstanciais. Que se afastem os insinceros, mas que se tornem cada vez mais unidos aqueles que carregam consigo o desejo de ser e pertencer a uma família na essência do termo, com seus aspectos negativos e positivos. Assim deve ser uma família, ou pelo menos quase assim”.

Parabéns Escola Estadual Professor Soares Ferreira pelos seus 120 anos de glórias, sempre visando o crescimento interior de seus alunos tornando-os cidadãos honrados, justos e perfeitos. O tempo passou e você continua jovem por possuir a eterna juventude e o poder da transformação. O seu lema continua em nossas memórias, “Perge Juventus” – Avante juventude!

5 comentários:

Anônimo disse...

Linda crônica. Somente quem passou pelo colégio estadual consegue entender as felizes marcas deixadas pelos anos vividos nessa escola.Obrigada Francisco pelo seu depoimento.Sandra Vieira(vice-diretora e ex-aluna)

José Celso disse...

Prezado Chico parabens pela bela cronica. Uma maravilha, me senti dentro da sala de aula, com nossos professores, com todos nõs nos esbarrando nos corredores e no recreio. Tambem me emocionei ao ver meu nome lembrado em nossa bela e imbatiel selecao, juntamenete com nossa maravilhosa torcida. Abracos e beijos a todos..Jose Celso Malta

Luiz Gonzaga Martins disse...

Eu era mais novo (turma de 68), mas fiz muita torcida pelo nosso futsal, no Sílvio Raso, contra a EADA...
Parabéns pela belíssima crônica. Muitas saudades.

Unknown disse...

Saudades!!!!

abbyatthebat disse...

Tive o privilégio de pertencer a esta época. No Estadual, estudei todo o Primeiro Grau e até o Segundo ano do Segundo Grau, quando me mudei para o Rio de Janeiro em 1976. Saudades, da Fanfarra, do Delmo gritando “ alinha Cascudo!”, das aulas de desenho artístico do Professor Camargo (saudoso), das aulas de Latim do Padre Armando, Moral e Cívica com o Mario Celso, is campeonatos de futebol de salão (com o Darcy como técnico) disputadíssimo no “Silvio Raso”. Das manhãs geladas caminhando pelas ruas da cidade até chegar ao Estadual e na volta, encontrar com “Isabelita” na rua do Correio. Das aulas de inglês com a Professora Lucília e depois com a Professora Laís. Ciências:Atos Borato, Química (minha favorita) : Butano. Matemática: Nylza e Gorini. Educação Física:: Dilma (esposa do Delmo 🙏) e tantos outros que moldaram o meu currículo e que eu sou eternamente 🙏 Vivo fora do Brasil há mais de 30 anos, mas as memórias e o legado da educação que recebi nesta Instituição moldaram a minha carreira e seguem vivas na minha mente. Gratidão eterna 🙏